alienação do trabalho
O processo de desfiliação social tem se expressado,contemporaneamente, na desvalorização da vida e na descartabilidade das pessoas, na “banalização da injustiça social” (Dejours, 1999), atingindo as identidades individual e coletiva, a dimensão ética e a dignidade humana . Configura, em síntese, um processo de despertencimento social, nutrido pela alienação do trabalho, favorecendo a proliferação de diversas formas de violência social, inclusive no trabalho, sem limites de classe, gênero, etnia, idade, ramo e ocupação, etc. A precarização do mundo do trabalho e a desregulação social em curso apontam para um processo de apagamento das noções de limites biopsicossociais – inclusive éticos –, cuja função é proteger a vida. Esse processo consolida a perda da razão social do mundo do trabalho e acentua a inversão das relações da humanidade com os limites e ciclos da Natureza.. Esse desenraizamento em relação à Naturezas evidencia, também, na contradição entre os tempos sociais do capital e os ciclos sistemas reguladores biológicos. Essa contradição produz o padrão predatório das relações entre as atividades humanas e o meio ambiente. Em suma, o mundo do trabalho contemporâneo aprofunda e materializa todas as dimensões do trabalho alienado. Sua configuração expressa a transformação do trabalho alienado em trabalho patogênico; de uma sociedadealienada em sociedade patogênica. A desalienação social passa, necessariamente, pela redefinição do sentido do trabalho – dos padrões de trabalho, com reversão do binômio flexibilização e precarização –, com o fortalecimento da razão social do trabalho. Uma razão social que seja, simultaneamente, a busca do bem viver dos homens entre si, na e com a natureza, ou seja, assentada em novos padrões de produção e consumo que, ao invés de predatórios, se ajustem à natureza e a seus ciclos.