alienacao
O filósofo alemão Feuerbach, contemporâneo de Marx, desenvolveu um estudo no qual investigara o modo como se formam as religiões e o modo como os seres humanos sentem necessidade de oferecer uma explicação para a origem e a finalidade do mundo. Ao buscar essa explicação, Feuerbach constatou que os humanos projetam para fora de si um ser superior dotado das qualidades que julgam ser as melhores: inteligência, vontade livre, bondade, justiça, beleza, mas as fazem existir nesse ser supremo como superlativas, isto é, este ser é onisciente e onipotente, sabe tudo, faz tudo, pode tudo. Pouco a pouco, os humanos se esquecem de que foram os criadores desse ser e passam a acreditar no inverso, ou seja que esse ser foi quem os criou e os governa. Passam a adorá-lo, prestar-lhe culto, temê-lo. Não se reconhecem nesse outro que criaram. Em latim, “outro” se diz alienus. Quando homens não se reconhecem num outro que eles mesmo criaram, eles se alienam. Feuerbach designou esse fato com o nome de alienação.
A alienação é o fenômeno pelo qual os homens criam ou produzem alguma coisa, dão independência a essa criatura como se ela existisse por si mesma e em si mesma, deixam-se governar por ela como se ela tivesse poder em si e por si mesma, não se reconhecem na obra que criaram, fazendo-a um ser outro, separado dos homens, superior a ele e com poder sobre eles.
Marx não se interessou apenas pela alienação religiosa,mas investigou sobretudo a alienação social. Interessou-se em compreender as causas pelas quais os homens ignoram que são os criadores da sociedade, da política, da cultura e agentes da história. Interessou-se em compreender por que os humanos acreditam que a sociedade não foi instituída por eles, mas por vontade e obra dos deuses ou pela força cega das leis da natureza, vez de perceberem que são eles próprios que, em condições históricas determinadas, criam as instituições sociais (família, relações de produções e de trabalho, relações de troca,