Alice no pais do quantum (prefácio)
Na primeira metade do século XX, nossa compreensão do Universo foi virada de pernas para o ar. As antigas teorias clássicas da física foram substituídas por uma nova maneira de olhar o mundo — a mecânica quântica. Esta estava em desacordo, sob vários aspectos, com as idéias da antiga mecânica newtoniana; na verdade, sob vários aspectos, estava em desacordo com nosso senso comum. Entretanto, a coisa mais estranha sobre essas teorias é seu extraordinário sucesso em prever o comportamento observado dos sistemas físicos. Por mais absurda que a mecânica quântica possa nos parecer, esse parece ser o caminho que a Natureza escolheu — logo, temos que nos conformar.
Este livro é uma alegoria da física quântica, no sentido dicionarizado de "uma narrativa que descreve um assunto sob o disfarce de outro." O modo pelo qual as coisas se comportam na mecânica quântica parece muito estranho para nossa maneira habitual de pensar e torna-se mais aceitável quando fazemos analogias com situações com as quais estamos mais familiarizados, mesmo quando essas analogias possam ser inexatas. Tais analogias não podem nunca ser uma representação verdadeira da realidade, na medida em que os processos quânticos são de fato bastante diferentes de nossa experiência ordinária.
Uma alegoria é uma analogia expandida, ou uma série de analogias. Como tal, este livro segue mais os passos de Pilgrim s Progress ou As viagens de Gulliver do que Alice no País das Maravilhas. Alice parece o modelo mais conveniente, no entanto, quando examinamos o mundo que habitamos.
O País do Quantum por onde Alice viaja se parece mais com um parque temático no qual Alice é às vezes uma observadora, ao passo que algumas vezes se comporta como uma espécie de partícula cuja carga elétrica pode variar. Esse País do Quantum mostra os aspectos essenciais do mundo quântico: o mundo que todos nós habitamos.
Grande parte da história é pura ficção e os personagens são imaginários embora as notas que descrevem o "mundo