Alguém vai me entender!

Ultimo jogo no Pacaembu; Diego Gonzalez
Alguém precisa me entender, o sonho da torcida corinthiana (era o meu também) está se concretizando ou no caso se concretando, desde que sou menino que não faz muito tempo pois ainda aproveito dos meus vinte e cinco, um estádio, uma casa , um caldeirão era sonhado. Um certame que poderíamos chamar de nosso e acabar com algumas gozações e também usar a nosso favor em todos os campeonatos, mas quanto mais esse dia chega perto mais meu coração aperta.
Ver meu pai sair pela porta em dia de jogos com algum grau de perigo para uma criança entre quatro e cinco anos de idade e não poder fazer nada era como se ele estivesse me deixando de fora do melhor programa do mundo, eu estava pronto, uniformizado, sabia que iam me apertar no bagageiro do fusquinha, mas ai ele saía e me deixava ali com o cheirinho do pernil na beira das narinas e minha bandeira alvinegra no sofá da sala. Pacaembú para mim nunca significou “Entre Rios”, Pacaembu significava; pai, avô , amor ,família, sofrimento , Corinthians. Era a minha Disneylandia , lembro do meu pai dizendo, “Olha lá filho! O Osmar te dando tchau.” E ele dava mesmo, Osmar Santos de pé naquela cabine era meu Mickey. A sensação de entrar no Pacaembu pela primeira vez , peço desculpas, mas nunca serei capaz de descrever, é como pedir a um corinthiano que explique a sensação de torcer por esse time, posso dizer no entanto que é magico, como uma Alice no País das Maravilhas ou qualquer sensação de êxtase puro.
O Corinthians sempre teve estádio, sempre. Quando o sonho de casa própria foi anunciado no Vale do Anhangabaú pelo ex-presidente Andres Sanches eu estava lá e comemorei muito sem saber o vazio que ficaria no meu peito. O Pacaembu era a nossa casa, a minha casa pelo menos, eu conhecia cada canto, que horas sair aqui de Santo André, o que comer depois, por que caminho seguir e outras coisas íntimas com o estádio. O Pacaembu era minha lembrança de paternidade, do meu avô e da minha vida