Algu m pode ser feliz no trabalho
Estresse, insatisfação, depressões, inseguranças, desajustamentos, vícios e até suicídios: o trabalho é uma fonte de infelicidade ou existem pessoas felizes com o que fazem nas organizações a que pertencem?
Divino castigo ou fonte de plenitude da realização humana?
Todo trabalho comporta em si mesmo uma dimensão de insatisfação.
A realidade normalmente resiste à ação daquele que trabalha.
A questão é como superar essa insatisfação, compreendê-la como intrínseca àquilo que fazemos, ou, pelo menos, contê-la em níveis aceitáveis.
A norma de conduta em nossa sociedade é de se declarar satisfeito no trabalho, mesmo quando não se seja.
Mesmo aqueles que se dizem entusiasmados com o que fazem, costumam rejeitar a ideia de que seus filhos se engajem nas mesmas atividades. Dizem: “é muito bom para mim, mas não quero isso para o meu filho”.
A satisfação no trabalho decorre essencialmente daquilo que se faz, que tenha sentido e significado para nós, que nos possibilite reconhecimento e valor. É também decorrente da valorização do capital econômico do empreendedor ou do capital intelectual do profissional.
O exercício de responsabilidades hierárquicas, que permitam a valorização, graças à participação e contribuição dos subordinados, dos rendimentos do capital humano pessoal, também se constitui relevante fonte de satisfação.
É evidente que quando o trabalho é desqualificado, rotineiro e sem sentido de contribuição, as chances de realização e de satisfação são muito frágeis.
A reorganização da economia e das empresas, a partir dos paradigmas neoliberais da sociedade de mercado e da globalização ocorridas a partir dos anos 1980, aprofundou as causas de insatisfação no trabalho.
Aumentos crescentes de exigências por resultados, mudanças incessantes e contraditórias no mundo corporativo, desestabilização de carreiras e de perspectivas profissionais, critérios subjetivos de avaliação de desempenho, perda de referências, incerteza de