Alexandre
Leibniz avançou uma concepção do espaço e do tempo que apresentava finalmente uma compreensão clara de como uma teoria podia, num tom aristotélico, negar ao espaço e ao tempo um tipo de existência independente da existência das coisas materiais comuns e dos acontecimentos materiais, mas manter, mesmo assim, um lugar crucial na estrutura do mundo para o espaço e para o tempo. Na filosofia "profunda" de Leibniz, na sua verdadeira metafísica, nega-se a existência per se da matéria, assim como a do espaço e do tempo. Para este Leibniz esotérico, o mundo é constituído por entidades fundamentais de tipo mental, as mónadas, que existem totalmente isoladas umas das outras, não estando em interacção nem sequer em termos causais. Cada mónada contém na sua natureza uma imagem completa de todo o universo, o que explica como, sem interacção, as mónadas possam exibir uma evolução coerente ao longo do tempo. Temos de pôr de parte esta "profunda" e estranha visão leibniziana do mundo, que foi, no entanto, defendida de forma engenhosa e importante. A sua visão menos profunda, exotérica, do espaço e do tempo ocupa um lugar intermédio entre o ponto de vista de que a matéria, o espaço e o tempo existem, e o ponto de vista monadológico final.
Nesta posição intermédia pode admitir-se a existência de objectos e de acontecimentos materiais. O que são, então, o espaço e o tempo? Considere-se quaisquer dois acontecimentos, concebidos como eventos instantâneos que ocorrem no