Alcoolismo e o Ambiente de Trabalho
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual o ser humano sempre procurou fugir de sua condição natural cotidiana, ingerindo substâncias que aliviassem seus males ou que propiciassem prazer. À semelhança de certos animais, usuários intermitentes de drogas, o homem primitivo aparentemente mostrou-se portador de certa sabedoria, como se uma fronteira separasse o possível do perigoso (Calança-1991). Com o passar dos séculos, esse tipo de auto regulação e esse senso inato de limites desapareceram. O recurso às drogas, com uso inicial de cunho religioso ou médico, disseminou-se com o homem nas suas migrações, marginalizando-se ou tornando-se culturalmente aceitável ou até mesmo banal. Numa perspectiva Histórica pode-se dizer que a droga tornou-se um problema de saúde pública a partir da metade do século conforme menção de Rehseldt -1989. O álcool é a droga mais amplamente utilizada no mundo, nas diferentes culturas. A utilização desta substância no local de trabalho é parte integrante desse padrão de uso global. Nos séculos XVII e XVIII, o álcool era encarado e utilizado como uma substância psicoativa que aumentava o “rendimento” do trabalhador e permitia que esse se submetesse às condições mais adversas de trabalho. Logo o uso do álcool era estimulado pelo empregador e bem recebido pelo empregado, muitas vezes “pago” em parte, com quantidade de bebidas alcoólicas. O processo da Revolução Industrial no século XIX foi marcado pelo aparecimento de máquinas complexas para a época, pela necessidade de produção em larga escala, de mão de obra cada vez mais especializada e do cumprimento de prazos e rotinas de trabalho com elevada e constante produtividade. É fácil concluir que o uso de álcool nesses novos parâmetros de organização do trabalho traria significativos prejuízos. A partir de então, o empregador passa a interessar-se pelos hábitos sociais e estilo de vida dos empregados, controlando-os ou procurando estratégias para isso. Esse marco na