AIDS No Debate Pu blico
Daniel Aith
A AIDS somente entrou na agenda pública brasileira, saindo do consenso de preconceito contra gays e usuários de drogas, em 1984, um pouco depois de a doença atingir as primeiras mulheres no país. Neste ano foi estruturado o primeiro programa de controle a AIDS no país, elaborado pelo Governo do Estado de São Paulo. Em 1985, a preocupação e tentativa de prevenção e controle contra a doença se expande para o Governo Federal que cria seu primeiro plano de controle a SIDA. A criação do plano surge como uma resposta da pressão de grupos sociais (emergentes na época) e de esferas municipais e estaduais que viam importância na participação do Governo Federal no processo.
Também em 85 se estrutura o Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS, a primeira ONG no pais voltada para a questão. A GAPA assumiu combate importantíssimo no combate ao HIV por defender um outro sistema de saúde, que não restringisse o acesso de parte da população a esse direito, ou ao uso de medicamentos. O primeiro plano nacional de DST e AIDS foi criado em 1986 pelo ministério da saúde. A partir de 1988, a criação do SUS teve importante papel na ajuda à diminuir a mortalidade do vírus, através na facilitação da aquisição dos medicamentos. No mesmo ano o Brasil, adotou o 1º de Dezembro como o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, com o intuito de reforçar o sentimento de compaixão e solidariedade em relação a doença. A mídia teve importante influência na maneira que a AIDS foi abordada na esfera pública ao longo do tempo. No início da doença no país, muito influenciado pela linha editorial da imprensa estrangeira, a transmissão do vírus HIV foi associada a grupos de riscos, compostos por homens homossexuais e usuários de drogas injetáveis. Neste cenário a doença era associada à estes comportamentos, considerados imorais , adotando assim uma estigma punitiva a estes modos promíscuos de vida. A medida que a doença se espalhou para indivíduos identificados como fora do