Agua
O poeta e religioso católico baiano Luís José Junqueira Freire (Salvador 1832 – Idem 1855) fez os estudos primários e os de latim precariamente em virtude da saúde abalada. Em 1849, matriculou-se no Liceu Provincial de Salvador no qual se destacou como excelente aluno. Para fugir da pressão familiar ingressou na “Ordem dos Beneditinos”, em 1851. Na clausura do Mosteiro de São Bento, em Salvador, viveu amargurado, revoltado e triste pois não manifestava a menor vocação monástica, mesmo porque tinha tomada a decisão irrevogável dos votos perpétuos. Nesse período, porém, pôde ler muito e dedicar-se à poesia. Trabalhou, também, dentro do mosteiro, como professor; atendia, então pelo nome de Frei Luís de Santa Escolástica Junqueira Freire. Pediu a secularização em 1853, recurso que o libertava das disciplinas religiosas, mas que, por força dos votos perpétuos, tinha que permanecer sacerdote. De volta à casa da mãe em 1854, redigiu uma pequena autobiografia. Pouco antes de sua morte, aos 23 anos, fez publicar seu único livro em vida que intitulou “Inspirações do Claustro”. A obra de Junqueira enquadra-se na terceira fase do romantismo, também chamada de ultra-romantismo, ligado aos padrões do neoclassicismo. O equívoco na sua escolha monástica refletiu seriamente nos seus escritos. Seu estilo mais fechado não permitiu ao poeta expressar todos os sentimentos reprimidos. A obra de Junqueira Freire mereceu um louvor, como também uma crítica por parte do poeta, contista, cronista, romancista, dramaturgo e ensaísta fluminense Machado de Assis (Rio de Janeiro 1839 – Idem 1908). Foi louvada pela forma sincera como retratou todo o drama de uma pessoa presa a uma falsa vocação; crítica ao modo dessa poesia que caiu no genérico e no prosaico. Machado ainda disse que os versos de Junqueira não são palestras de sacristia nem mexerico de locutório, mas sim um livro profundamente sentido, uma história dolorosamente narrada em versos, muitas