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Para o coordenador do programa Água para a Vida, Glauco Kimura de Freitas, o desperdício tem razões culturais, de desconhecimento e de falta de regulação e incentivos. “A pesquisa mostrou que a visão do brasileiro é limitada aos problemas urbanos da torneira para a frente, sem conexão com o meio rural e com o recorte da bacia hidrográfica. Mais de 80% da população nunca ouviu falar de comitês de bacias e da Agência Nacional de Águas”, afirma.
Ele cita ainda a abundância de água no país, que causa uma falsa ilusão de que o recurso nunca terá fim. De acordo com a pesquisa, 95% das pessoas conhecem maneiras de reduzir o consumo, mas poucas colocam em prática.
Um banho de 15 minutos, por exemplo, gasta 135 litros de água, o suficiente para abastecer uma família de quatro pessoas em regiões de pobreza extrema. Mesmo sabendo que o gasto de água no chuveiro é um dos principais vilões do desperdício, um terço das pessoas ainda toma banhos com duração superior a dez minutos.
A casa da aposentada Louise Diniz foge a esse perfil. “Desde que começou a faltar água em São Paulo, comecei a economizar”, conta. Ela se refere à crise de abastecimento no Estado vizinho, que se agravou no início deste ano. O sistema Cantareira, que abastece a cidade de São Paulo, está com cerca de 9% de sua capacidade, e o abastecimento de cerca de 10 milhões de pessoas está comprometido. Desde que as notícias começaram a chegar, Louise passou a gastar menos. Na casa da aposentada, a mangueira não é mais usada para lavar