Agronegócios - Transgênicos
No dia 13 de junho de 2003 a Lei 10.688 institucionalizou o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs) no País. A decisão ainda hoje é polêmica. Ativistas alertam para a permissividade e os riscos da transgenia; já os defensores acreditam que as leis restritivas impedem o Brasil de ser protagonista no uso da tecnologia. Entre 1998 e 2003, uma decisão judicial obtida pelo Idec junto com o Greenpeace barrou a entrada de transgênicos no Brasil. A ação, contra a soja geneticamente modificada da Monsanto, a primeira a chegar ao país, pedia que o produto não fosse aprovado até que estudos comprovassem que não havia riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. Em junho de 2003, no entanto, uma Medida Provisória passou por cima dessa decisão e autorizou a colheita da soja plantada ilegalmente. Com esse início absurdo, a trajetória dos transgênicos no Brasil só podia ser ainda mais nebulosa e marcada por retrocessos.
Se há dez anos o Brasil legalizava a soja transgênica — sob pressão de fazendeiros gaúchos que plantaram a semente da Monsanto sem autorização —, hoje o país briga com os Estados Unidos pela liderança mundial da produção do grão, com 88% de sua safra geneticamente modificada. No mesmo ritmo da produção, avançam as polêmicas. Se, por um lado, começa a inédita concorrência entre multinacionais e a Embrapa pelo mercado de sementes, cresce no país o debate sobre os efeitos colaterais das novas tecnologias — como a menor resistência a pragas e danos ao solo. Apesar da alta produtividade, os que investiram na transgenia não têm garantido a maior lucratividade. Diferentemente do que se imagina, são os produtores da soja convencional que recebem mais pelo grão, graças à demanda de japoneses e europeus pelo alimento não modificado. Com isso, o Brasil ostenta o título de maior produtor de soja convencional do planeta.
A entrada dos transgênicos na agricultura não resolveu o problema da fome no mundo e fez