Agricultura familiar
Sérgio Schneider*
Introdução
Neste artigo, analisam-se as transformações recentes da agriculmra familiar do Rio Grande do Sul ocorridas a partir da década de 70 na região da Colônia Velha alemã, hoje dividida nas microrregiões do Vale do Sinos, Encosta da Serra, Vale do Cai e Vale do Taquari. Anahsa-se o processo de desarticulação do tradicional sistema produtivo colonial através da crise da produção de leite nas pequenas propriedades e da emergência da agricultura em tempo parcial. Essa nova forma de organização do trabalho familiar e de produção agricola está intimamente ligada ao crescimento da acaciocult u r a como principal atividade produtiva comercial dos colonos e à busca de tiabalhos extra-agrícolas (sobretudo assalaríados) para obtenção de rendas por parte dos membros das famílias rarais. A partir dos anos 70, a agrícultura gaúcha foi submetida a um processo global de transformação. Entretanto essas mudanças não foram homogêneas e sequer seguiram um mesmo p a d r ã o . É opinião corrente que as üansfomiações da estmtura agráría do Brasil Merídional, a partir dessa década, levaram a imia modernização tecnológica da produção agropecuáría sem precedentes na sua históría. Nas análises econômicas e na maioría dos estudos sociológicos realizados nos dois últimos decênios, tomou-se
Este artigo é uma versão modificada de uma parte do Capítulo 3 de minha dissertação de mestrado Ver Schneider (1994). Sociólogo, Mestre em Sociologia pela UNICAMP e Doutorando em Sociologia na UFRGS, O autor agradece os comentários de Zander Navarro, Cláudia Schmitt e José Luís Bica de Melo a uma versão preliminar deste artigo, assumindo, no entanto, plena responsabilidade pelas idéias expostas e eventuais incorreções porventura remanescentes
argumento quase inquestionável a constatação do sucesso produtivo e dos efeitos sociais da modernização da agricultura.'