agressão à menores
Viviane Nogueira de Azevedo Guerra
Mestre em Serviço Social pela PUC e autora do livro Violência de Pais Contra Filhos: Procuram-se Vítimas. 2º edição, São Paulo, Cortez Editora
Quantas vezes contrapomos a violência das ruas à segurança do lar? Como se a violência fosse um problema apenas dos outros, que termina com a polícia na rua e a porta trancada. Doce ilusão. Fazemos parte de uma sociedade violenta que se insinua em vários aspectos das nossas vidas. É o que ensinam estas dez lições sobre a violência contra as crianças e adolescentes, perpetrada em seu próprio lar, violência esta tão massacrante que chega a pôr em sério risco a integridade física e psicológica de suas vítimas.
Mas há o que fazer e o maior inimigo é o silêncio. Rompa-mo-lo.
A violência em dez lições
1.ª lição: Um complô de silêncio bastante perigoso
Até nos países desenvolvidos, onde a tradição de estudo deste tipo de violência é mais antiga do que a nossa, existem dificuldades para se conhecer o número real de crianças maltratadas. Há algumas explicações para este fato. Muitas vezes os profissionais que se defrontam com o problema não estão preparados para reconhecê-lo, acreditando que a criança possa ter sofrido um acidente, conforme a versão comumente apresentada pelos agressores. Outras vezes os profissionais, mesmo tendo conhecimento do fato, preferiram não comunicá-lo aos órgãos competentes, por receio de envolvimento com questões não-específicas de sua área de atuação, impedindo assim que se tenha uma visão real do fenômeno do ponto de vista estatístico. Por fim, pode ocorrer ainda que os agressores decidam não procurar ajuda especializada, encerrando o problema em seu lar. Aí a própria família se mantém calada sobre o evento.
Estabelece-se, a partir disso, um complô de silêncio, onde os que tiveram acesso aos fatos, por omissão ou desconhecimento, podem estar contribuindo para que o direito à vida