Agosto 1964
AGOSTO 1964 - FERREIRA GULLAR
INTRODUÇÃO
Esta análise busca apresentar no poema de Ferreira Gullar elementos básicos de uma interpretação literária. Baseada em escritos estudados e vivências literárias durante o semestre, principalmente as que relacionam-se com Antonio Cândido. Além de analisar elementos típicos da poesia, tais como: sonoridade, ritmo, efeito, rima, estrutura, métrica, etc; foi incorporado à análise fundamentos teóricos sobre poesia-resistência de Alfredo Bosi e lírica e sociedade de Adorno. A análise também busca inserir o poema “Agosto 1964” num contexto de lírica moderna comparando suas características. Por fim, a análise junta todos esses elementos numa interpretação do poema.
ANÁLISE:
O poema intitulado “Agosto 1964” de autoria de Ferreira Gullar caracteriza-se no contexto da lírica moderna. Na poesia moderna os versos livres são os elementos que distinguem o movimento, portanto a sonoridade é deixada para um segundo plano enquanto a dissonância, ou seja, uma aparente falta de harmonia, torna-se o elemento principal. Os poemas passam a ser organizados pela forma estética e em “Agosto 1964” não é diferente.
O poema tem toda uma estrutura peculiar de organização, onde as palavras e os versos são dispostos de uma forma totalmente não convencional. Nessa organização de palavras associam-se imagens que no fim cria-se o efeito poético. É composto por quatro estrofes e cada estrofe possui uma quantidade diferente de versos. Versos estes que são livres e brancos de uma tal forma que causa estranheza. Por não possuir rima, o poema assemelhasse muito com a prosa e tem uma dimensão temporal. O ritmo é marcado pela presença de vírgulas nos versos que demonstram a quantidade de elementos que, no caso, o poeta está tendo contato: “Entre lojas de flores e de sapatos, bares, mercados, butiques, viajo ...“. O modo solto e até mesmo