Agonia e Extase - Resenha
Ambientado principalmente em Florença e Roma, várias cenas do longa-metragem retratam o conflito entre Michelangelo (Charlton Heston) e o papa Júlio II (Rex Harrison). Os mecenas sempre tiveram grande influência na produção dos artistas, e esse fato pode ser percebido uma vez que o protagonista, apesar de ter mais afinidade com a escultura, não pôde recusar a oferta do papa para pintar o teto da capela, por essa demanda ser sua fonte de renda. Essa obediência ao patrono, ou até o questionamento da mesma, também é apresentada várias vezes no filme nas cenas onde Michelangelo está trabalhando em sua obra, quando Júlio II sempre questiona o tempo gasto na pintura, pressionando-o e muitas vezes irritando o artista.
Outra questão levantada é a dúvida de Michelangelo: algumas vezes o artista questiona a vontade de Deus representado pelo papa, apesar de atribuir o ato da criação ao mesmo Deus, e inclusive receber inspiração divina para o novo projeto de pintura da Capela Sistina, baseado no livro de Gênesis. Essa união dos opostos é uma característica do Maneirismo, estilo que também busca a superação do clássico, através do uso, por exemplo, de elementos racionais e irracionais.
O Maneirismo busca o afastamento, o “destronamento das doutrinas estéticas baseadas nos princípios de ordem, proporção, equilíbrio, economia de meios, e de racionalismo e naturalismo na interpretação da realidade”. Em outras palavras, os artistas desse estilo buscam uma essência que repousa na tensão, na união de