Afinal o que é real
Sentia um peso enorme sobre minha nuca: o peso da indecisão, da incerteza, da dúvida, da confusão. Tudo o que ela me dizia era tão confuso, tão contraditório, que eu própria não conseguia assimilar tanta informação. Mas era tudo tão real, tão próximo. Eu poderia desacreditar de cada palavra que ela me dizia, e simplesmente dizer que ela estava ficando louca, mas as histórias faziam sentido, muitas delas eu presenciei. Ainda assim era tudo tão confuso e sem nexo que não conseguia acreditar no que ela me dizia. Então preferia acreditar que ela estava louca e que tudo aquilo era apenas ilusão.
Sentado em uma cadeira velha e desconfortável, passei a refletir sobre minha própria vida. Todos os momentos que estive ao lado daquela jovem, que um dia eu tanto amei, foram para mim uma escola. Ela era uma mulher forte, implacável e adoravelmente encantadora, enfrentava dificuldades com naturalidade tamanha, que era espantoso de se ver. Por isso era tão dolorido pensar que as histórias que Zaila me contara eram apenas ilusões. Eu participei, eu estive lá. Não poderia ser tudo irreal.
O desconforto da cadeira me causou dor nas pernas. Tinha passado muito tempo sentado. Levantei-me e me dirigi até a janela. A vista era impressionantemente bonita, tinha o canto do mar a minha direita e a minha esquerda um oceano de construções. Prédios altos e casas geminadas. Lá do alto parecia mesmo um oceano, a cor prevaleceu a mesma em todos os lugares que os olhos alcançavam, era um azul mesclado, por vezes mais claro e por vezes mais escuro. Se eu olhasse apenas para o vidro transparente da janela e ali focasse os meus olhos, tudo o que estava por traz daquela vidraça, em desfoque, se confundia numa coisa só: o azul. O mar, as construções e o céu, eram tão azuis quanto o oceano. O azul que se via era ora mais claro, ora mais escuro, fazendo um mix de acordo com O azul me deixou confusa. vezes eu enxergava um azul mais claro e as vezes um mais escuro. Se eu mudasse o foco dos