Afetividade
AFETIVIDADE NA ESCOLA: ALTERNATIVAS TEÓRICAS E PRÁTICAS*
MÁRIO SÉRGIO VASCONCELOS**
ão é recente a discussão sobre o papel da afetividade na constituição da subjetividade humana. Inserida na história da filosofia, no contexto das relações entre razão emoção e sentimento, foi motivo de aquecidos debates envolvendo grandes filósofos, que ora valorizavam os conflitos existentes entre razão e sentimentos, ora a dicotomia ou o papel superior de um aspecto sobre o outro. Eurípedes, por exemplo, investia no tema do conflito entre razão e emoção e freqüentemente ilustrava esse aspecto em suas peças teatrais.1 Já Aristóteles, numa perspectiva claramente dualista, reiterava que os sentimentos residem no coração e que o cérebro tem a missão de esfriar o coração e os sentimentos nele localizados. Kant, destacando a supremacia da razão, construiu uma perspectiva negativa das emoções e dos sentimentos, chegando a afirmar que as paixões são a enfermidade da alma. De um modo geral, o que se evidencia nos escritos dos filosóficos, da Grécia antiga até a modernidade, é uma concepção dissociada, na qual a razão quase sempre tem status superior com relação aos sentimentos. Na história da psicologia, iniciada no séc. XIX, o cenário não foi muito diferente. Depois que o comportamento humano foi considerado sujeito a princípios universais e que se admitiu a ciência psicológica como possível, alguns dos problemas filosóficos foram transferidos para a psicologia. Porém, foram formulados de tal maneira que se tornou difícil resolvê-los “cientificamente”, pois voltou à cena a divisão entre razão e emoção. Theodor Fechner, um dos precursores da ciência psicológica, na
* Resenha do livro organizado por Valéria Amorim Arantes, Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas (São Paulo: Summus Editorial, 2003. 237p. Coleção na Escola: alternativas teóricas e práticas). Doutor em Psicologia Escolar pela Universidade de São