Afetividade e Cognição
Valéria Amorim Arantes [2]
Pensar e sentir são ações indissociáveis. Esta é a idéia que tentaremos imprimir e defender ao longo do texto, tendo como preocupação central transpô-la para o campo educacional. E o faremos expondo algumas reflexões acerca do papel da afetividade no funcionamento psicológico e na construção de conhecimentos cognitivo-afetivos.
O leitor ou leitora podem estar se perguntando: por que conhecimentos cognitivo-afetivos? Haveria conhecimentos exclusivamente cognitivos ou exclusivamente afetivos? A essa segunda pergunta poder-se-ia responder sim ou não. Se a resposta for sim, tratar-se-á de uma concepção centrada na justaposição dicotômica entre cognição e afetividade, embasada no princípio de que a razão e as emoções constituem dois aspectos diferenciados no raciocínio humano. Ao contrário disso, se a resposta for não, conceber-se-á a intrínseca relação entre os processos cognitivos e afetivos no funcionamento psíquico humano. Assumimos a segunda perspectiva, daí o emprego da expressão conhecimentos cognitivo-afetivos, e duas razões nos levam a tal posição.
A primeira é de cunho psicológico: não corremos o risco de sermos interpretados a partir de crenças arraigadas em nossa cultura, que consideram a inteligência e a afetividade dicotômicos e/ou separados, no processo de construção do conhecimento. Ao contrário, acreditamos que o conhecimento dos sentimentos e das emoções requer ações cognitivas, da mesma forma que tais ações cognitivas pressupõem a presença de aspectos afetivos. Talvez nos faltem em nossas linguagens cotidiana e acadêmica expressões como "conhecimento sentido" ou - porque não? - , "sentimento conhecido".
Em decorrência desse primeiro aspecto, no campo educacional, aparece uma segunda razão que nos leva a rechaçar a divisão histórica e culturalmente estabelecida entre os "saberes racionais" e os "saberes emocionais". Se os aspectos afetivos e cognitivos da