Afectos e Sexualidades Juvenis

Nº 3, 2013 (67-73)

RECENSÃO
Sexualidades e Afectos Juvenis. José Machado Pais, Imprensa de Ciências Sociais, 2012, Lisboa
José Pacheco (psicólogo clínico, ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, ex-vicepresidente da APF e voluntário da APF)
Nesta obra, José Machado Pais apresenta um estudo qualitativo, resultante de um conjunto de entrevistas (em grupo e algumas individuais, mais aprofundadas) realizadas em diferentes regiões de Portugal a adolescentes, jovens e pais (de facto, as mães mostraram maior disponibilidade para participar). Procurou-se ainda que, entre os participantes, houvesse uma composição heterogénea no plano social e cultural. Os entrevistadores eram bastante jovens: a vantagem sugerida era facilitar a comunicação com os adolescentes e jovens; a desvantagem omitida seria a sua inexperiência e perderem pistas que poderiam ser exploradas. No decurso das entrevistas em grupo recorreu-se à utilização de provérbios como forma de suscitar a expressão de valores e de ideias a respeito da sexualidade. Também foi pedido aos jovens para escreverem sobre o que sentiam a respeito de diversos assuntos, como o amor, o namoro, as primeiras experiências sexuais ou amorosas, nem sempre abordadas no contexto da entrevista em grupo. Para além disso, procurou-se a partir dos conteúdos expressos, equacionar em perspectiva três gerações (filhos, pais e avós), mesmo que esta última não tivesse sido directamente entrevistada.
Procurou, desta forma alcançar as dimensões «subjectivas» e as representações idealizadas do que «devem ser» estas questões; em nosso entender são tão pertinentes como as que, parecendo «objectivas» só o são parcialmente porque foram construídas a partir de uma base «subjectiva». Um caso paradigmático, em muitos inquéritos, é a frequência de relações sexuais; a pessoa quando responde fá-lo com base numa impressão subjectiva, na medida em que recorre a memórias; se quiséssemos fazer uma investigação mais