Advérbios
O advérbio, assim como as outras classes gramaticais, possui uma função específica: a de indicar a circunstância em que se encontra o processo verbal. O advérbio, assim como muitas outras palavras existentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo se desenvolve.
Dessa forma, para melhor esclarecer o que estamos afirmando, voltemos nossa atenção para um fragmento extraído de uma das criações de Manuel Bandeira, intitulada “Poema só para Jaime Ovalle”:
[...]
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei pensando...
- Humildemente pensando na vida e nas mulheres que amei.
No segundo verso, constatamos que o vocábulo humildemente, por estar acompanhando a forma verbal “pensando” (forma nominal do verbo pensar – gerúndio), ocupa a função de caracterizá-la, ou seja, indicar a forma como o “eu lírico” estava pensando – humildemente.
Dada essa constatação, podemos afirmar que o advérbio se relaciona aos verbos da língua, no sentido de caracterizar os processos expressos por ele. Contudo, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos), pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Para constatarmos, eis que seguem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto, você está até bem informado.
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o adjetivo alheio, representando uma qualidade, característica.
O artista canta muito mal.
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica outro advérbio de modo – “mal”.
Em ambos os exemplos pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chamamos