ADOLESCÊNCIA NORMAL Um enfoque psicanalítico Arminda Aberastury Mauricio Knobel
5701 palavras
23 páginas
ADOLESCÊNCIA NORMAL Um enfoque psicanalítico
Arminda Aberastury Mauricio Knobel
Por: Priscila Daiana R. F. Maia
O Adolescente e a Liberdade
Para o adolescente a entrada no mundo dos adultos é a perda definitiva de sua condição infantil. Esse é um processo muito importante para o ser humano, o qual tem início no nascimento e chega ao seu ápice agora. São várias as mudanças psicológicas e corporais pelas quais o indivíduo passa, criando uma nova dinâmica dentro do ambiente familiar. Ele passa a flutuar entre a dependência e a independência extremas, o que só terá fim com a chegada da maturidade, que lhe permitirá aceitar ser independente dentro de um certo limite de dependência.
Este período é muito contraditório e confuso, ambivalente e doloroso. A perda da identidade de criança, implica na busca de uma nova identidade, que será construída consciente e inconscientemente. Ele terá de vivenciar e aceitar o luto por seu corpo infantil, pela identidade e pelo papel infantil e pelos pais idealizados, pois agora apresenta aspectos simultâneos de criança e adulto, não sendo nem um nem outro.
As flutuações de identidade também são muito comuns e ocorrem de maneira brusca, por exemplo nas notáveis mudanças ocorridas em poucas horas pelo uso de diferentes vestimentas. Quando os pais não compreendem tais flutuações dificulta-se o trabalho de luto, no qual são necessários permanentes ensaios e provas de perda e recuperação de ambas as idades: a infantil e a adulta.
Os pais também vivem o luto pelos filhos, pois se veem em uma nova situação onde precisam aceitar que este já não é mais criança e assim enfrentar seu próprio envelhecimento, abandonando a imagem idealizada de si mesmo, que o filho havia criado e na qual havia se acomodado. O adolescente passa a evidenciar certo desprezo pelo adulto, o qual é uma defesa, na tentativa de esconder a depressão causada pela perda de suas partes infantis, quanto um juízo de valores que desidealiza as figuras