adolescentes
Benedito Medrado
Jorge Lyra
A proposta deste ensaio é fornecer subsídios para o campo de estudos e ações em torno da temática saúde do adolescente e do jovem, focalizando o tema da gravidez na adolescência, a partir da articulação entre duas dimensões interrelacionadas: gênero e geração.
O eixo central que conduziu a elaboração dos nossos argumentos tem por base leituras e pesquisas por nós desenvolvidas, em nível de pós-graduação, acerca do temahomens e masculinidades (Lyra, 1997; Medrado, 1997); bem como experiências de ensino, pesquisa e intervenção junto a populações adolescentes em Recife, por meio do Programa de Apoio ao Pai (PAPAI) e do Grupo de Trabalho sobre Gênero e Masculinidades (GEma/PAPAI).
A partir de um referencial construcionista, o presente texto é, antes de tudo, um convite à reflexão sobre os enfoques tradicionais acerca da gravidez na adolescência, que partem de uma série de valores e pressupostos, os quais tendem a construir uma série de limitações e implicações éticas no desenvolvimento de pesquisas e na atuação junto aos adolescentes. Esse argumento central se traduz em duas questões básicas: 1) qual o impacto de concepções pré-conceituosas e ações repressivas sobre a sexualidade e reprodução na adolescência? e 2) qual a importância de discutir a participação jovem e masculina no campo da saúde e relações de gênero, sexualidade e reprodução?
Da prevenção da adolescência à abordagem construcionista
Não nos surpreenderia se um dia ouvíssemos em uma palestra ou lêssemos em um projeto de pesquisa e/ou intervenção a expressão Prevenindo a adolescência. Mas, o que é adolescência? Adolescência é sinônimo de encrenca. Essa é a conclusão a que muitos poderiam chegar se prestassem atenção aos manuais do tipo, que é tradicionalmente presenteado aos jovens que entram na chamada faixa da puberdade, às inúmeras revistas denominadas, em tempos de