adolescencia no divã
O café da manha já não tem mais ritalina, mas a vida é um mundo paralelo. Redes sociais consumidas sem moderação, inconstância de humor, necessidade patológica de se sentirem feios ou inadequados, excluídos pelos demais. Difícil lidar com tanta negação a si mesmo! Já não somos heróis e eles se abandonam num sono avassalador. Pra ajudar, o desejo anda bem longe das obrigações escolares. Pra quem tem mais de um filho nesta fase, meu conselho amigo, pratique yoga, mantra, reze. Por que passa, graças ao bom Deus, e enquanto não passa, paciência.
O monossílabo NÃO vira uma constante. Não pode beber, nem dirigir, nem passar as férias com os amigos (você não sabe quanto custa à mensalidade do seu colégio?), nem pular de pára quedas, nem namorar alguém muito mais velho. É não que não acaba mais, e assim não dá... pra ser bacana ou popular. Até que chega o dia em que eles percebem que um sim não os levaria aonde queriam. E que um bom tanto desses limites os protegeram de um sem número de tragédias, que o impulso pelo prazer não os deixavam calcular adequadamente.
Mas tem mais, a segunda coisa que um adolescente escuta depois do não, é que ele não carrega peso nenhum, por que ele não paga contas. Ou que não faz nada, tudo é recebido sem esforço, ou que ele não aproveita bem as oportunidades que tem. É pesado, dá pra entender a rebeldia, o desejo de se afastar. Punk. Conviver com estranhos nesse período é bem mais fácil, a necessidade de se separar do pensamento familiar e testar o mundo é necessário.
A família da gente ganha em valor depois que vivenciamos outras, por que família sem erros não existem, e é nessa experiência que a gente descobre que o lugar mais confortável do mundo é o ninho em que fomos criados, com os valores que nos protegeram. A terapia nessa fase lida com a relação intensa com os pais, muitas vezes envolvidos em suas próprias crises pessoais. Começa, então, um processo de mudança na forma de enxergar a vida, livre de mágoas