Admira O
Admiração é um sentimento de assombro, surpresa ou espanto diante de uma situação. Os filósofos clássicos apontavam a admiração como uma ruptura do que se entendia por realidade indiscutível, um choque que modifica inflama um estado de reflexão, de questionamento. É a partir da admiração que o pensamento filosófico se desencadeia e parte para uma desmistificação do meio em que o homem vive e os comportamentos que reproduz. Na atual sociedade brasileira (e mundial) a lógica da acumulação, da competitividade e do individualismo se torna a encarnação do que Aristóteles chamava de natureza ou physis. As crianças desde pequenas são acostumadas a ouvir de seus pais e outros adultos sobre a trajetória do estudo (acumulação intelectual) que no futuro seria necessário para conseguir uma profissão, que por sua vez manteria uma estabilidade financeira e possibilitaria a formação de uma nova família e assim sucessivamente. Nesta lógica, porém, a educação nas escolas de ensino fundamental e médio fomenta um comportamento competitivo através de um sistema de notas, que avalia os “melhores” e os “piores alunos”. Tal postura é violentamente alimentada nos processos seletivos que visam uma pequena porção de “vencedores” a ocupar as salas de aula das universidades. A super competitividade do sistema de ensino e da lógica perversa que produz o mercado liberal dá a luz ao individualismo exacerbado que atinge todos os núcleos de relações sociais. Daí a disputa para ser o melhor, provando aos demais que alcançou o tão sonhado “sucesso” se desdobra em inúmeras situações: a busca egoísta pelo automóvel mais sofisticado, pelo corpo cada vez mais bem esculpido, pelas notas mais altas, e etc. A acumulação se torna mítica, e por sua vez a tão buscada “natureza humana”. Até mesmo nos processos democráticos esta situação se evidencia: