Admir Vel Mundo Novo
Este trabalho toma o título de um intrigante romance, datado do início do século XX e da autoria de Aldous Huxley, um aclamado escritor britânico, visto ser inspirado no mesmo. Pode-se até considerar uma crítica, não à obra, mas àquilo que a mesma retrata. Este romance leva-nos até ao ano 632 N.F. (depois de Ford), que corresponde aproximadamente ao ano 2500 do nosso calendário, onde vivemos numa sociedade perfeitamente feliz. Estamos perante um sistema de castas, que divide a sociedade em 5 grupos distintos: os Alfas, os Betas, os Gamas, os Deltas e os Epsiliões, cada um com uma função específica na sociedade. O primeiro e segundo grupos são produzidos (sim, produzidos, visto que não existe mais o conceito de família nem da procriação a este associada; os seres humanos são agora todos unicamente produzidos através de inseminação artificial e outros processos laboratoriais) sem qualquer tipo de condicionamento, tornando-se seres únicos e aptos a ocupar lugares de relevo na sociedade, enquanto que os restantes são submetidos ao processo de Bokanovsky que, para além dos vários condicionamentos a os embriões são sujeitos, permite também a obtenção, a partir de um único ovo, de dezenas (ou até centenas) de embriões semelhantes, originando assim enormes grupos de gémeos, que não são, contudo, irmãos. Perguntam-me, então, como é possível que com uma predestinação tão óbvia e imponente, se esteja perante uma sociedade perfeitamente feliz? Pois, também não percebo como. Mas para essa pergunta o senhor Autor parece ter uma resposta bem ensaiada e conseguida: a tal predestinação, ora! Não deixa de fazer sentido. Se repararmos, nos dias de hoje, a infelicidade das pessoas deve-se, muitas vezes, ao facto de elas ocuparem lugares inferiores às suas capacidades. Um engenheiro sente-se, forçadamente, infeliz a atender telefones. Pudera, ele foi predestinado para algo mais! Mas um Delta não. Nem, muito menos, um Epsilião. Essa faceta da tal evolução