Administração
Karl Popper é a principal referência da epistemologia contemporânea e suas ideias, como escreveu Imre Lakatos, “constituem o mais importante desenvolvimento da filosofia do século XX”. Para David Miller, um de seus discípulos e principal assistente ao longo de muitas décadas, “poucos filósofos sentiram uma sede de conhecimento tão revigorante e insaciável”. Algumas notas biográficas poderão ser úteis para situar o filósofo em seu contexto. Karl Raimund Popper nasceu em Viena, em 1902. Estudou matemática, física, filosofia e psicologia, obtendo seu doutorado em 1928, na Universidade de Viena. Casou-se em 1930, imaginando que sua carreira seria definida pela dedicação ao ensino secundário de matemática e física. Porém, foi estimulado a apresentar para publicação as ideias que havia discutido com alguns intelectuais de Viena, inclusive com membros do Círculo de Viena Desse modo, tornou-se “filósofo profissional”.
Introdução
Popper é reconhecido pela originalidade de sua posição filosófica acerca da ciência. Considerado, como afirma Neurath, “a oposição oficial do Círculo de Viena”, desenvolveu uma abordagem crítica em relação à tendência positivista. Para ele, nosso conhecimento, incluindo o conhecimento científico, é sempre falível, conjectural e passível de erro. Desse modo, propõe a falseabilidade como critério de demarcação entre teorias científicas, de um lado, e teorias não científicas ou pseudo-científicas de outro lado (além da matemática, da lógica e da metafísica). Para tanto, Popper sugere que a construção de teorias científicas se apoie não mais na lógica indutiva, cujo problema ele afirma ter resolvido, mas na lógica dedutiva, em razão da assimetria lógica que descobre entre indução e dedução: enquanto, na indução, muitos casos particulares não conseguem provar a verdade de uma teoria, na dedução um só caso consegue provar sua falsidade. Com efeito, teorias devem ser apresentadas como conjecturas ousadas a serem submetidas a testes