Administração
Contemporaneamente, o mundo assiste uma nova revolução tecnológica que não apenas incrementou a produtividade econômica, provocou alterações nos mecanismos de hegemonia política e cultural nas sociedades, como também rompeu os limites, até então estabelecidos, entre o real e a fantasia. A cada dia os cientistas anunciam novas façanhas que pasmam o grande público. As mídias simplificam as análises e a imaginação de espectadores é alçada a vôos mirabolantes de toda ordem. As populações, atingidas pela profusão de mensagens replicadas através das mídias, perdem os contornos entre o que é ou não possível, o que é ou não real. O mundo passa a viver sob uma nova ontologia mágica: parece que quase tudo o que possa ser cientificamente concebido também possa ser realizado. Frente aos dados do relatório da ONU sobre desenvolvimento humano, publicado em 1998, considerando que os 20% mais ricos da população mundial são responsáveis por 86% do total de gastos em consumo privado, ao passo que os 20% mais pobres respondem apenas por 1,3%, e considerando que mais de um bilhão de pessoas não tem suas necessidades básicas de consumo satisfeitas (1), a pergunta pela referência ética ao que se deve fazer nos exercícios de liberdade, privados e públicos, ganha contornos ainda mais dramáticos. É ético, frente a esse quadro de exclusão social, que as 358 pessoas mais ricas do mundo, ainda em 1993, já possuíssem ativos que superavam a soma da renda anual de países em que residiam 2,3 bilhões de pessoas, isto é, 45% de toda a população do mundo? Sob os quadros da globalização, os neoliberais argumentam que o mercado é esfera básica do contrato social e que é a partir dele que a sociedade global deve ser reorganizar. Deixando-se que o mercado funcione livremente, por sua própria conta e risco, a riqueza econômica seria multiplicada e as necessidades humanas