Administração
Georg Simmel
Se a sociologia quisesse formular a contradição da época moderna, especialmente em oposição à época medieval, então poderia tentar como se segue: Na Idade Média, o homem encontrava-se encadeado numa relação com uma comunidade ou com uma propriedade feudal, com uma associação, ou com uma corporação; sua personalidade era incorporada nos círculos de interesses práticos ou sociais. O caráter destes círculos era formado pelas pessoas que os constituíam de maneira imediata. Esta unidade foi destruída pela época moderna. Por um lado, ela possibilitou a autonomia da personalidade e deu a ela uma liberdade de movimentos interna e externa incomensurável. E deu, por outro lado, em compensação, um caráter objetivado incomensurável aos conteúdos práticos de vida. Na técnica, nas organizações de cada tipo, nas empresas e nas profissões impõe-se cada vez mais o domínio das próprias leis das coisas, que separam tudo isso das nuances de personalidades singulares - como, tendencialmente, a nossa imagem da natureza perde mais e mais os traços humanos em favor de uma legislação objetiva. Assim, a época moderna conseguiu separar e autonomizar o sujeito e o objeto, para que ambos realizassem o próprio desenvolvimento de forma mais pura e mais rica. Como ambos os lados do processo da diferenciação foram atingidos pela economia de dinheiro, é o que temos de analisar aqui.
A relação entre a personalidade e as suas propriedades realiza-se, na história alemã até a altura da Idade Média, em duas formas características: na origem encontramos a posse da terra como se fosse uma competência de uma personalidade como tal. A posse resulta da filiação de um homem singular à sua comunidade de mercado. Já no século X, essa forma pessoal de posse desaparece. Agora, todo direito pessoal tomou-se dependente da posse de solo e terra. Por exemplo: aquele que possuía um terreno fora da comunidade rural a qual pertencia não