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CÂNTICO DOS CÂNTICOS
O titulo “Cântico dos Cânticos” (Ct) é uma expressão superlativa, que poderíamos traduzir como “o mais belo dos cânticos”. A obra foi composta depois do exílio babilônico, no século 5º aC, mas o material nela recolhido – principalmente canções de amor – pode ser bem mais antigo.
Em diversos lugares acena-se ao rei Salomão, não sem certa ambigüidade (cf. 8,1114). Como outros textos sapienciais, o
Cântico foi atribuído a ele à guisa de chancela para a leitura na sinagoga. Assim, foi incluído entre os cinco rolos festivos (meguilot), sendo lido na festa da primavera (em
Israel), a Páscoa.
É difícil adivinhar a intenção desta obra.
Há quem pense que se trata apenas de uma coleção de poesias com enredo romântico, talvez para as festas de primavera. Há quem pense que o autor quis expressar a saudade do povo (amiúde apresentado como noiva, na Bíblia) por um príncipe (um rei, como Davi ou Salomão), já que, depois do exílio, durante o Império Persa, Judá era proibido de ter um rei próprio. O simbolismo da paisagem de Israel que permeia o Cântico reforçaria essa hipótese.
Outros ainda pensam que o tema é, mesmo, o amor decidido de uma mulher que ama a quem ela quer, apesar da concorrência de Salomão.
Nas tradições judaica e cristã posteriores encontramos interpretações espiritualizadas: o Cântico significaria o amor entre o povo eleito e Deus, ou entre a Igreja e Cristo; mas tais interpretações, por edificantes que sejam, são adaptações do sentido, não exprimem o sentido original do poema.
O melhor é deixar-se conquistar pela beleza do poema, no qual se revezam as vozes da Amada (que é a protagonista), do Amado e do Coro (espectadores, amigas ou amigos
1,2– 2,7 “Que ele me beije”
3,1–5,1 “Procurei o amado”
2,8-17 “É a voz de meu amado” 5,2–6,3 “Eu durmo, mas meu coração vigia”
dos amantes). Às vezes, a atribuição de tal ou tal versículo a um desses atores não é totalmente segura, mas isso não impede de se