Administração de empresas
DESAFIOS RELACIONAIS NAS PRÁTICAS
DE GESTÃO E DE ORGANIZAÇÃO
Eduardo Davel
Professor da Télé-université, Université du Québec, Canadá
E-mail: edavel@teluq.uquebec.ca
Sylvia Constant Vergara
Professora da FGV-EBAPE
E-mail: vergara@fgv.br
A prática da gestão exige a capacidade de estabelecer relações que se desenvolvam no âmbito organizacional, direcionando-as para que o trabalho seja realizado e para que os objetivos organizacionais sejam atingidos com um certo grau de criatividade e motivação. Pode até se tornar lugar-comum afirmar que o trabalho e a dedicação dizem respeito a um emaranhado de relações e suas transformações, como, por exemplo, as relações entre a empresa e seus empregados, entre os próprios empregados, entre a empresa e seus investidores, fornecedores, parceiros, reguladores e consumidores (Leana e Rousseau,
2000). Também pode soar óbvio que a gestão e a vida organizacional são relações sociais, devido às variadas teorias e estudos organizacionais que tangenciam direta ou indiretamente a questão das relações, como fizeram a escola de relações humanas, os estudos sobre cultura organizacional e o neo-institucionalismo.
Se parece soar tão evidente, por que decisões estratégicas e ações gerenciais cotidianas ainda são movidas por uma concepção tão “a-relacional” da Administração, em sua busca por mensurar e controlar pessoas e processos?
E ao proceder dessa forma, não se está fragilizando o entusiasmo, a criatividade e o comprometimento das pessoas? Por que essas pessoas ainda realizam suas tarefas como se as organizações fossem uma máquina, um conjunto previsível e reificado de componentes? Por que a literatura organizacional vigente, precipuamente de base funcionalista, ao supostamente enfatizar relações, o faz por conta da panfletagem sedutora dos modismos e do jogo político de validação de teorias (Reed, 1999)? Procedendo assim, teóricos e