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O Brasil não está em guerra, mas nossas taxas de mortes violentas superam até mesmo países que vivem conflitos armados. E os jovens são vítimas preferenciais. Entre os anos de 1980 e 2001, houve 646.158 homicídios dolosos no país, o que equivale a mais de 30.000 assassinatos por ano. As informações hoje existentes revelam que outro fenômeno muito preocupante encontra-se em curso no país. Diversos estudiosos sustentam que o Brasil assiste a um verdadeiro genocídio de jovens pobres, sobretudo negros, principalmente como resultado do aumento vertiginoso das dinâmicas criminais ligadas ao tráfico de drogas e ao fácil acesso às armas de fogo. Os índices de homicídios na faixa etária dos 15 aos 24 anos são muito mais altos do que os verificados para a população como um todo e, mais importante, a tendência é nacional, ou seja, o fenômeno ocorre mesmo nos estados com taxas de violência letal mais baixas Nas regiões metropolitanas do país, como se sabe, a criminalidade violenta cresceu predominantemente nas favelas e nos bairros pobres das periferias urbanas. Nessas áreas, ao longo dos últimos vinte anos, instalaram-se o tráfico de drogas e os conflitos entre facções rivais que disputam o controle de um mercado altamente lucrativo. Também ao longo dos anos, cresceram a violência e a corrupção policiais, umbilicalmente ligadas ao tráfico de drogas. É nesses territórios pobres e carentes de serviços públicos que se registram os mais altos índices de violência letal e, evidentemente, os números revelam que são os jovens negros e pobres as maiores vítimas. As comparações entre os estados brasileiros indicam que variáveis sócio-econômicas, apenas, não explicam as diferenças nos índices de violência letal, o que poderia estar relacionado, principalmente, com diferentes graus de urbanização. O nível intramunicipal é o que parece revelar influência mais forte da renda, por exemplo. No