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Antes de dirigir a obra-prima Cidade de Deus, o diretor Fernando Meirelles, ao lado de Nando Olival, fez este filme menor, mas que recorre aos mesmos temas de sua obra máxima, como a pobreza na vida desmazelada das periferias de uma grande cidade (aqui, a gigantesca e bagunçada São Paulo). Em Domésticas, Meirelles nos apresenta o mundo confuso e problemático das empregadas domésticas, com um estilo narrativo intenso, montagem caprichada (certamente foi uma grande escola para a direção de Cidade de Deus, um ano mais tarde), e personagens cativantes.
Domésticas coloca em foco um grupo de meia dúzia de empregadas, e narra a vida delas durante o serviço na casa dos patrões e fora de lá também. O mais interessante é que, durante todo o filme, não vemos nenhum patrão, ou seja, o tempo todo você só conhece um lado da moeda desse relacionamento. Pode parecer injusto (e realmente: os patrões não têm chance de se defenderem das constantes reclamações e dos xingamentos das empregadas), mas pelo menos assim o filme torna-se muito mais centrado e os personagens são muito mais desenvolvidos. Novamente, o diretor prova que sabe desenvolver várias histórias ao mesmo tempo, dando importância e tempo iguais a cada uma das empregadas retratadas no filme. Fica então difícil escolher uma personagem favorita, até porque todas elas, em termos de interpretação, estão muito bem, e todas as histórias são, no mínimo, divertidas e interessantes, mesmo que brutalmente reais, embora não num nível violento.
Ao final do filme, é fácil se identificar com essas personagens tão ignorantes (mas é bom deixar claro que isso não acontece por opção, e sim por falta dela) em quase todos os assuntos, mas com uma experiência de vida que poucos doutores poderiam sonhar em ter. Algumas histórias puxam para a comédia, como a da empregada Roxane (a atriz Graziela Moretto, a jornalista de Cidade de Deus),