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Na busca de uma periodização pelo território brasileiro é um partido essencial para um projeto ambicioso: fazer falar a nação pelo território. Assim como a economia foi considerada como a fala privilegiada por
Celso Furtado; o povo, por Darcy Ribeiro; e a cultura, por Florestan Fernandes, pretendemos considerar o território como a fala privilegiada da nação.
Essa citação de Milton Santos na obra escrita junto com Maria Laura Silveira sintetiza bem o desejo de caracterizar sua contribuição intelectual, cujo papel seminal na geografia tem sido reconhecido no
Brasil e no mundo inteiro. Os autores partem de um conceito central “território em uso” para designar a profunda imbricação entre os artefatos e as técnicas que transformam os espaços, com a política, a economia e as relações que conferem direção e sentido a essas transformações. Deixam claro que as mudanças ficam registradas nas diferentes escalas com que o território é apropriado e construído.
Em alguma parte do livro, os autores criticam as pretensões totalizadoras da sociologia e da economia que tenderiam a desconhecer a importância do espaço construído, como se apenas as “relações” contivessem a totalidade da realidade social. Lembrei-me então de alguns conceitos caros a uma corrente da filosofia e da sociologia dialética pensados por autores como Goldmann e Sartre, à qual me filio, que discutem as estruturas e os espaços construídos como ações humanas objetivadas. Esse é o caso também do pensamento de autores como Nicole Romognino cuja sociologia dialética se funda na compreensão dos fenômenos sociais como processos históricos; como totalidades de significações construídas pelos sujeitos e como totalidades significativas que se concretizam na materialidade das formas sociais.
O Brasil: território e sociedade no início do século
XXI pode ser lido como uma síntese científica do pensador Milton Santos, que