Adaptação Ópera do Malandro
1º ATO
PRÓLOGO
(João Alegre entra batucando numa caixinha de fósforo)
JOÃO ALEGRE
Já presenciei tanto malandro na vida, que montaria uma biblioteca com as histórias desses bichos, só aqui no Rio de Janeiro ia ser metade do acervo, a malandragem toma conta desse mundo, e parece que nunca tem fim, malandro vive eternamente, passa coroa de geração em geração, será que é gênico?será que é vivência? hahaha, ainda não descobri isso, mas quando alguém souber me avisa! Me procure nos bares da Lapa, nas rodas de samba... Ah, meu nome? Meu nome é João Alegre, prazer... ( Black-out)
Toca um pedaço de “O malandro”
CENA 1
Casa de Duran; misto de sala de estar, escritório e bazar; Duran está sentado à escrivaninha e fala ao telefone.
DURAN
É isso mesmo, tem que dar um basta nessa malandragem! No dia em que todo brasileiro trabalhar o que eu trabalho, acaba a miséria. Mas viu, Chaves, eu tô te ligando pra lembrar que amanhã é o último dia do mês. . . É, inspetor, a dívida tá em trinta contos e no dia primeiro passa a trinta e três. Hein? Tem nada demais, dez por cento ao mês. A inflação tá galopando aí fora... Abatimento? Sei.
Bem, eu vou examinar com a maior boa vontade. . . Oliveira, Oliveira. . . Cremilda
Pacheco de Oliveira? Celina, Conceição, Cremilda, é minha sim. . . Vulga Marli
Sodoma, quarenta e um aninhos, hummmm. . . Atentado ao pudor, é? Olha, inspetor, sinceramente, eu não sei o que é que essa senhora ainda está fazendo aqui no meu fichário. O quê? Não, não me interessa. A imagem da minha empresa não pode ficar comprometida por causa duma Marli Sodoma! Não, já decidi. A Jussara Pé de Anjo?
O que há com ela? Suadouro, é? Sei, sei. . . É, pois é, ela é violenta mesmo. E um touro! E se você não se cuidar ela destrói a tua delegacia. (Toca a campainha)
Pode entrar! Mas olha, solta a Jussara, tá? No fundo ela é boa moça. Trabalha direitinho, tem muito