Adaptando as instituições para a vida em um mundo cheio
Robert Costanza, Joshua Farley e Ida Kubiszewski
As instituições e as concepções de mundo predominantes hoje surgiram nos primórdios da Revolução Industrial, quando a quantidade de seres humanos e a infraestrutura por eles criada era relativamente pequena. Era, portanto, um mundo “vazio”. Os recursos naturais eram abundantes, os assentamentos sociais mais espaçados e o maior obstáculo para a melhoria do bem-estar era a dificuldade de acesso à infraestrutura e aos bens de consumo. 1 As ideias atuais sobre o que é desejável e o que é possível foram concebidas nesse contexto de mundo vazio. Combustíveis fósseis “baratos” forneciam energia abundante, necessária para o crescimento econômico, e contribuíam para que as sociedades superassem inúmeras limitações de recursos. O uso de adubos e pesticidas e a mecanização da agricultura permitiram que a humanidade contrariasse as previsões de Thomas Malthus sobre o colapso populacional. Em consequência disso, ao longo dos dois últimos séculos, o mundo sofreu mudanças radicais. Agora, é um mundo “cheio”, em que a crescente complexidade das tecnologias e das instituições, o aumento das limitações dos recursos e a diminuição do retorno sobre o investimento em energia tornaram a sociedade humana mais frágil e, portanto, mais susceptível ao colapso. 2
São incontáveis as leis e políticas que incorporam a visão de mundo vazio. A lei norte-americana de 1872 sobre exploração de minas, Mining Act, por exemplo, tinha como objetivo promover a mineração e o crescimento econômico. Para tanto, a lei permitia a exploração de minas em terras públicas, sem nenhuma exigência de proteção ambiental e sem cobrança de royalties. Embora as condições tenham mudado radicalmente, essa lei ainda está em vigor. A consequência foi a imensa destruição ambiental e a doação de bens públicos à iniciativa privada.3 As tecnologias, instituições e concepções de mundo que prevalecem hoje não atendem às