Acumulação capitalista e questão social
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Rosavallon diz que o Estado deve ser regulador e interventor, garantindo o emprego como segurança (instrumento de justiça), através da forma de trabalho. Para o autor, há uma “nova questão social”, que é pensada perante a crise do Estado Providência europeu, e este, por pouco, não venceu a antiga insegurança social e o medo do futuro. Mas, este Estado Providência entrou em colapso a partir da década de 70, um colapso da utopia da “sociedade livre de necessidades”. Segundo Rosavallon, algumas desigualdades desapareceram e surgiram novas desigualdades, como condutas sem civilidade, implosão do modelo familiar, novas formas de violência, etc., junto com novos fenômenos de exclusão, que não se enquadravam nas antigas categorias de exploração do homem. O autor afirma que o Estado Providência seria insubstituível na manutenção da coesão social, e que este precisava ser restituído não mais na perspectiva do direito social, e sim na da solidariedade (precariedade e vulnerabilidade), que estão cada vez mais constantes na sociedade burguesa. O que fundamenta o surgimento da “nova questão social”, para o autor, é a negação das classes sociais, a naturalização da desigualdade social, etc.
Octávio Ianni compartilha da ideia do questionamento do posicionamento do governo em relação ao desfrute da cidadania dos ex-escravos, à não absorção de milhares de pessoas pelas atividades industriais, à falta de qualificação da população economicamente ativa, aumentando imensamente o exército industrial de reserva.
Numa sociedade de escassez ou carências (não de abundância), onde a produção é insuficiente para satisfazer as necessidades de toda a população, a distribuição equitativa dos bens existentes faria com que toda a produção fosse consumida sem sobrar um excedente para promover o desenvolvimento das forças produtivas. A sociedade não cresceria produtivamente. Nas sociedades de escassez, portanto, a desigualdade de classes (a desigual distribuição da riqueza socialmente