Aconselhamento psicológico na teoria traço e fator (abordagem diretiva)
Segundo Serbena e Raffaelli (2007), o processo de desenvolvimento da razão, da técnica e da ciência levou a colocar nelas uma “profissão de fé”, de modo que a ciência adquiriu as características do mito. Esta adquiriu, portanto, caráter de verdade modelo e do determinismo e inteligibilidade universais. Neste sentido, a Psicologia, que considerava como válido apenas o saber construído dentro do modelo da ciência positiva, objetiva e empírica e ignorava a subjetividade, torna-se também ela própria prisioneira do mito do cientificismo e da ideologia cientificista.
Visto que o contexto de surgimento e ampliação do uso da abordagem diretiva ocorre antes da Primeira Guerra Mundial, conclui-se que a Europa ainda não havia passado pelo fenômeno do desencantamento com a ciência e questionamento das técnicas. Antes da Primeira Guerra era forte a crença de que a ciência poderia resolver todos os problemas da humanidade como as desigualdades sociais, dentre outros. Após este período a “fé” na ciência passa a ser substituída pela busca da instrumentalidade e aprimoramento dos instrumentos de mensuração. Isto porque com a industrialização, notadamente com as teorias de administração como o fordismo, surge a necessidade de controlar, regular e prever o comportamento.
Concepção de homem
Segundo SCHEEFFER (1976) a teoria do Traço e Fator parte do pressuposto de que a natureza humana apresenta potencialidades para o bem e para o mal, portanto, o aconselhador assume uma postura de educador. A busca da excelência seria o objetivo do homem, que se torna completo na medida em que obtém autocontrole. Não seria recomendável, portanto, depositar confiança na autodeterminação do indivíduo porque, possuindo ele potencialidade para o bem e para o mal, poderá vir a atualizar os seus aspectos egoísticos e anti-sociais. Dessa forma, o aconselhador assume a responsabilidade de impedir a emergência das tendências