Academico
D.Q, homem, 25 anos, 1,88m, 90kg, saudável, foi submetido a um procedimento cirúrgico que requeria anestesia geral de breve duração. Para tanto, foi administrada succinilcolina (IV), sendo seguida a introdução de acesso traqueal para ventilação artificial, e halotano por via inalatória.
Durante a cirurgia, o paciente desenvolve rigidez muscular acompanhada de elevação do débito cardíaco. O quadro evolui rapidamente com elevação da temperatura corporal, precipitando a interrupção da cirurgia e exigindo cuidados específicos.
Exames pré-operatórios hemograma e eletrocardiograma normais.
Succinilcolina, na forma de cloreto de suxametônio, é um fármaco estruturalmente formado por duas moléculas de acetilcolina, utilizado pela medicina como relaxante do músculo esquelético, nas entubações, tratamento de convulsões induzidas e cirurgias. Nas cirurgias, o seu uso está limitado ao relaxamento muscular durante a anestesia e no tratamento intensivo, normalmente para facilitar a intubação endotraqueal.
Seu mecanismo de ação se divide em duas fases para o efeito bloqueador da Succinilcolina. O bloqueio de primeira fase causa o principal efeito paralítico. Nesta fase, a Succinilcolina se liga ao receptor nicotínico colinérgico, comportando-se como agonista parcial, ativa o receptor, resultando na abertura do canal catiônico por onde passará um fluxo de íons de sódio. Este influxo de sódio dentro da célula causa a despolarização da placa motora.
Como agonista parcial, a Succinilcolina produz despolarização em geral de pequeno valor, mas freqüentemente suficiente para deflagrar potencial de ação na membrana extra-juncional. Por essa razão é comum se observar miofasciculações e até, eventualmente, no caso de doses elevadas e injeção rápida, abalos musculares. Caso essa despolarização seja suficiente para levar o potencial da membrana extra-juncional a valores supralimiares, um potencial de ação é deflagrado, e se observa uma contração