Abrindo caminho: um olhar semiológico
Abrindo caminho: um diálogo semiológico
Joice Lima Pereira
Jussara Marques Barreto A obra, Abrindo caminho, de Ana Maria Machado, é uma história fascinante, criativa e reflexiva. Há um conjunto de paratextos que constroem e apresentam reflexões, que norteiam à leitura, suas relações discursivas e intertextuais com a cultura, a imagem e, acima de tudo, com as diversas linguagens presentes no processo artístico. A capa, o formato - deixa transparecer dimensões de tela que se montam ao longo do texto - e as ilustrações são signos que junto ao título estruturam o início da narrativa, fornecendo a um olhar cauteloso pistas sobre a história. A cor vermelha da capa chama atenção e transmite junto à imagem (um quadro) elegância e requinte, também simboliza o poder, a coragem e a atitude, que são prenúncios para as descobertas.
As representações das descobertas, dos caminhos traçados por Ana Maria Machado é enfatizado pela ilustradora Elizabeth Teixeira, reforçam o discurso plástico, imbricando e instigando o leitor a compartilhar do processo de curiosidade, sempre lúdico e intertextual (ARAÚJO, 2010). Iniciando o caminho, o primeiro personagem, Dante, aparece diante de uma selva escura e densa. Onde é possível reconhecer, através das caracterizações figurativas, personagens que remetem à Divina Comédia, o processo intertextual se concretiza nas imagens, que fazem alusão ao bem e o mal: Anjo e Demônio. Outros elementos presentes na cena sugerem uma retomada aos contos de fadas, o lobo, o castelo, a floresta, a princesa.
O processo metafórico que objetiva a tentativa de compreensão do mundo, apresenta Carlos Drummond de Andrade diante de uma pedra, que assume conotação existencial, e de um grande campo verde, paisagem típica mineira, evidenciando a origem. A narrativa referência à obra de Drummond que tematiza os diversos caminhos e as possíveis descobertas. Parodiando a poesia drumoniana, a narrativa sugere através das leituras icônicas experiência de