Abril Despeda ado
Dirigido por Walter Salles, o filme Abril Despedaçado (2001) foi inspirado no livro do escritor Ismail Kadaré.
Ambientado no sertão nordestino dos anos 20, descreve a história de duas famílias rivais, que perpetua por gerações, encabeçando um enredo de morte e vingança.
O filme é narrado por Pacu, membro mais novo da família Breves, que tenta convencer seu irmão, Tonho (interpretado por Rodrigo Santoro), a romper com esse ciclo que certamente o atingirá. Assim, Tonho, é constantemente impelido por seu pai para que cumpra sua missão: vingar a morte de seu irmão mais velho. Caso Tonho aceite o desafio, ele será perseguido pela família rival, gerando um novo tempo de violência. Dessa forma, a narrativa se desenvolve por meio das indagações de Tonho, que começa a contestar a lógica de tal tradição.
Ao analisar o roteiro por trás do filme, podemos fazer um paradoxo com a Antropologia - ciência que co-relaciona o homem e a humanidade, abrangendo todas as suas dimensões.
Em todas as sociedades existem, em algum nível, processos de dominação que se estabelecem de diferentes formas, envolvendo diversos dispositivos de coerção, que implicam em variadas formas de utilização de violências. Deste modo, o filme engloba um roteiro de simbolismo e tradição, na medida em que expõe a mais dura e cruel realidade, transpondo para o sertão nordestino brasileiro, os dramas de duas famílias que perpassam gerações e se perpetuam pautado em um código de vingança em nome da honra. Libertado da sina pelo irmão Pacu, Tonho, em uma negação ao que o espera- a vingança pela morte do Menino- vai embora traçando um novo caminho. O simbolismo da bifurcação, onde o único percurso adotado, até então no filme, é o da esquerda, reforça novamente a tradição, a perpetuação, a prisão, a possibilidade negada de desvio. Quando Tonho escolhe o caminho oposto, aponta para a mudança, para a quebra na continuidade, para o novo. Abril Despedaçado é um filme que nos leva aos fatos “lá de