abordagem desenvolvimentista: 20 anos depois
O objetivo deste artigo foi fazer algumas reflexões sobre os vinte anos da abordagem desenvolvimentista da Educação Física Escolar para apontar suas potencialidades e limitações, utilizando como estratégia respostas às críticas fundamentadas recebidas durante o período. Como essas críticas, na sua maioria, foram feitas por acadêmicos e não por professores atuantes na Educação Física Escolar, a análise se situou mais no campo do debate acadêmico acerca dos fundamentos da proposta.
INTRODUÇÃO
Há 20 anos, em 1988, um livro intitulado “Educação física escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista”, de autoria de Tani, Manoel, Kokubun e Proença, era apresentado à comunidade da Educação Física brasileira. Claramente, não era esta a realidade brasileira na época da publicação do livro. Prevalecia ainda um ambiente muito pobre no que se refere à teorização da EFE. A AD foi elaborada procurando apresentar à comunidade uma possibilidade de desenvolver a EFE tendo como base os conhecimentos acadêmico-científicos produzidos por uma área de investigação denominada de Comportamento Motor - mais especificamente Aprendizagem Motora, Desenvolvimento Motor e Controle Motor - conhecimentos esses referentes ao significado, ao mecanismo e ao processo de mudança do comportamento motor humano. A novidade do conteúdo da proposta pode ser vista como mais um fator determinante. Os conhecimentos da área de comportamento motor não tinham ainda sido suficientemente disseminados nos cursos de formação profissional em Educação Física. Outro fator pode ter sido a proximidade do conteúdo abordado pelo livro em relação aos problemas efetivamente enfrentados na prática pedagógica. Afinal, parte substancial da matéria de ensino na escola refere-se à aquisição de habilidades motoras. O livro foi publicado num momento muito peculiar da vida social e política brasileira - os anos iniciais do período pós-ditadura, época de efervescência de debates e embates em que uma ampla