Abordagem acerca da síntese transcendental da capacidade da imaginação como condição de possibilidade do conhecimento
Rafael de Sousa Pinheiro¹
RESUMO
Na Crítica da Razão Pura, Immanuel Kant propõe-se a investigar as condições de possibilidade de todo e qualquer conhecimento e de uma razão que se estruture e opere independente de qualquer experiência, além de mostrar seu âmbito de aplicação. Na segunda parte da obra, lógica transcendental, especificamente na analítica dos conceitos, observa-se que o autor decompõe a própria faculdade do entendimento na tentativa de verificar a legitimidade e validade dos conceitos puros deste, e explicitar de que maneira se aplicam aos objetos. Dessa forma, Kant desenvolve o que chama de “Dedução transcendental”, que não é senão a tentativa de demonstrar, como já foi dito, a forma como as categorias ou conceitos puros do entendimento aplicam-se a objetos dados na sensibilidade. Um dos resultados fruto desta dedução é a descoberta do fundamento da faculdade da sensibilidade, a imaginação, denominada pelo autor como Síntese transcendental da capacidade da imaginação, ou seja, segundo Kant, uma faculdade de determinar a priori a sensibilidade. O presente artigo intenciona abordar o problema: como o entendimento, que possui natureza discursiva, pode referir-se a objetos de uma intuição sensível? O que o possibilita ligar-se a sensibilidade levando em consideração a sua estrutura ser diferente desta?
E a partir deste problema, verificar em que medida a imaginação é um dos fatores preponderantes para a formação do conhecimento, na medida em que se constitui como um efeito do entendimento sobre a sensibilidade e, portanto como fundamental para a construção da experiência. Para tanto, buscar-se-á analisar a estética transcendental a fim de se explicitar o modo como se estrutura a sensibilidade e, por conseguinte a lógica transcendental, especificamente a analítica dos conceitos, visando-se dessa forma expor de que maneira a