Aberastury Cap 3
Adolescência e psicopatia
LUTO PELO CORPO, PELA IDENTIDADE E PELOS PAIS INFANTIS
ARMINDA ABERASTURY, ADOLFO DORNBUSCH, NÊSTOR GOLDSTEIN,
MAURICIO KNOBEL, GELA ROSENTHAL E EDUARDO SALAS
Arminda Aberastury, ao investigar as perturbações e momentos de crises durante a adolescência (1), encontrou que a definição do papel feminino ou masculino na união e procriação e as mudanças corporais que acontecem durante este processo - aparecimento dos caracteres sexuais secundários - o ponto de partida das mudanças psicológicas e de adaptação social que também o caracterizam. Seguindo suas idéias, estabelecemos as correlações entre este período da vida e as psicopatias que aqui expomos.
Tanto as modificações corporais incontroláveis como os imperativos do mundo externo que exigem do adolescente novas pautas de convivência são vividos, no começo, como uma invasão. Isto o leva, como defesa, a reter muitas de suas conquistas infantis, ainda que também coexista o prazer e a ânsia de alcançar o seu novo status.
Também o conduz a um refúgio em seu mundo interno, para poder ligar-se novamente com seu passado e, a partir daí, enfrentar o futuro. Estas mudanças, nas quais perde a sua identidade de criança, implicam a busca de
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uma nova identidade que vai se construindo num plano consciente e inconsciente. O adolescente não quer ser como determinados adultos, mas, em troca, escolhe outros como ideais, O mundo interno construído com as imagens paternas será a ponte através da qual escolherá e receberá os est (mulos para a sua nova identidade. Este mundo interno terá neste momento o mesmo papel que teve a equipe (Spitz) no momento de nascer, equipe que lhe permitirá enfrentar o mundo e adaptar-se a ele com maior ou menor felicidade.* Um mundo interno bom e boas imagos paternas ajudam a elaborar a crise da adolescência tanto como as condições externas conflitivas e necessárias durante este período.
O adolescente vai se modificando lentamente e nenhuma pressa