Abelha
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O conhecimento sobre as abelhas sem ferrão e a meliponicultura nas Américas é muito antigo quando comparado com as atividades envolvendo, nesse continen- te, as abelhas Apis mellifera (popularmente conhecidas como européias, italianas ou africanas). Há muito tempo, povos indígenas de diversos territórios se relacio- nam com os meliponíneos de muitas formas, seja estudando-os, criando-os de forma rústica ou explorando-os de forma predatória.
Antes da chegada da abelha Apis mellifera no continente americano, ou da exploração da cana para fabricação de açúcar, o mel das abelhas nativas carac- terizava-se como principal adoçante natural, fonte de energia indispensável em longas caçadas e caminhadas que esses povos realizavam na busca por alimento.
Muito do conhecimento tradicional acumulado pela população nativa foi gra- dativamente assimilado pelas diferentes sociedades pós-colonização, tornando a domesticação das abelhas sem ferrão uma tradição popular que se difundiu prin- cipalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil. A herança indígena presente na atual lida com as abelhas é evidenciada pelos nomes populares de muitas espécies, como Jataí, Uruçu, Tiúba, Mombuca, Irapuá, Tataíra, Jandaíra, Guarupu, Manduri e tantas outras.
A diversidade de saberes e práticas aplicadas na meliponicultura atual é direta- mente proporcional à diversidade de abelhas, culturas e ambientes onde a ativida- de se manifesta. Inspirado nesta diversidade, este manual não pretende defender uma forma única e padronizada de manejar as abelhas, mas sim apresentar aos que desejam se aventurar na meliponicultura uma variedade de técnicas que têm sido utilizadas com sucesso no Brasil.
Importância
Entre os insetos, existem dois grupos que ocupam uma posição destacada de valor econômico para o homem: o bicho-da-seda, por produzir uma fibra de alto valor comercial, e as abelhas pelo mel. Apesar de serem predominantemente conhecidas como produtoras de mel, as abelhas também fornecem