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Universidade Estadual do Ceará – UECE
Curso: Ciências Sociais.
Disciplina: Antropologia III.
Prof.ª.: Gustava Bezerril.
Aluno: Marcus André Silva Ferreira.

Síntese – Expansão urbana e desajustamento estrutural do negro.

Florestan Fernandes demonstra que, na cidade de São Paulo, desde a Abolição, o negro não foi integrado ao mercado de trabalho. De um lado, no plano da socialização, o negro não teve a oportunidade de cultivar impulsões psicossociais necessárias para se pensar e agir na nova ordem social que então se constituía. De outro lado, empregadores preferiam contratar os imigrantes europeus que desembarcavam em abundância no Brasil com o desejo de ascensão social através do trabalho.

Neste duplo registro, o negro competia em flagrante desvantagem com os brancos, em especial os imigrantes. Aos negros restavam funções que nenhum branco queria realizar: as subocupações nas casas, no comércio, na indústria paulistana. Isso ampliava as bases do desajustamento e da inadequação à nova ordem social. Sem a criação de uma estrutura institucional que permitisse novas impulsões favoráveis a uma conduta orientada para o trabalho e para a poupança, o negro foi abandonado à sua própria sorte. Foi arremessado para uma condição de pauperismo material e moral. Mantinha, nos bairros pobres da grande cidade, em habitações miseráveis e ocupando funções econômicas consideradas indignas, uma vida social caracterizada pelo alcoolismo e pela desagregação familiar. As expressões culturais e religiosas dos negros foram ainda criminalizadas impedindo qualquer forma positiva de constituição da identidade.
A partir deste panorama, Florestan Fernandes demonstra que antes degradado pela escravidão, o negro, após a Abolição, era agora degradado pela anomia e pela integração deficiente à ordem social de classes.
Foi nestas condições que o negro ingressou no novo século. Para Fernandes, nem a ampliação do mercado interno e a complexificação da estrutura ocupacional que