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A CONSTRUÇÃO DA CASA NO BRASIL: Reflexões à margem do vernáculo histórico da Arquitetura Brasileira
Fonte: http://www.altiplano.com.br/ArqPauloBertran.html, capturado em 20/07/2009

Paulo Bertran
PAULO BERTRAN é pesquisador do Instituto de Pesquisas Históricas do Brasil Central de Goiânia
Fotos: Paulo J.S. e João Fernandes
Altiplano.com.br (Goiânia, Goiás, Brasil, 2000)

Estas são observações de muitas viagens no país e no exterior, experiências de construir e viver em casas de barro, o treinamento do olhar de historiador deambulando pelas velhas casas e cidades. Iconografias várias vezes revistas, livros lidos erraticamente e aos montes, conversas com amigos arquitetos...
Assim, então foi se constituindo uma tal qual ótica paralela em torno ao mesmo assunto, revestindo-se de tempo no fundo das gavetas, com seu cansaço teórico consolidando o texto, em panejamentos necessariamente sintéticos, visto as dimensões amplas, pouco esmiuçadas ao presente, de elementos a serem pinçados para uma História de Arquitetura no Brasil.
À mesma linhagem paradoxal e amalgamadora pode-se acostar a casa colonial brasileira. Vejamos.

De fato, em Portugal, sobretudo no sul, há algumas edificações em barro - dominantes na tradição brasileira residencial - porém mesmo ali, em clima mais quente, imperam as casas de pedra. A palavra árabe adobe, não filia Portugal necessariamente ao seu uso intenso, mais comum às regiões moçarabes semi-áridas ao sul do Mediterrâneo. Impensável passar-se um longo inverno europeu nas gélidas eco-ressonantes casas de adobe ou de barro em geral, em alta escala.
De Trás - os - Montes ao Algarve, quase que só abunda a habitação rupestre, que responde bem ao clássico clima europeu de quatro estações. A pedra parece que reage mal às variações de clima. É demorada em repassar calor ou frio, o que permite ao morador da habitação aquecê-la por dentro, mediante fogões e lareiras, conforme avancem o outono e o inveno.
No horrendo e seco calor português