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INDÍGENAS
DE
HISTÓRIA
PARA
POPULAÇÕES
Circe Maria Fernandes Bittencourt*
Apresentar o problema do ensino de História para populações indígenas é um desafio de proporções imensuráveis.
Primeiro, algumas indagações.
Por onde começar a discussão sobre este tema inexplorado por educadores, antropólogos e completamente ignorado por historiadores? Como apresentar propostas de ensino de história considerando a diversidade situada entre os dois interlocutores? De um lado, a cultura dominante, com sua concepção de história sedimentada e, do lado oposto, os grupos dominados, com registros e referenciais próprios. Como enfrentar a situação desafiante de propor formas educacionais para o ensino de História respeitando as diferenças culturais e históricas dos dois grupos?
Para refletir e tecer algumas considerações sobre os problemas que envolvem a elaboração de propostas de ensino da história para grupos indígenas, partimos de uma perspectiva fundamental. Entendemos ser possível uma aproximação frutífera para ambos os grupos, considerando-se que, no processo de contato
* Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), é professora de Metodologia e Ensino de História da Faculdade de Educação da USP.
Em Aberto, Brasília, ano 14, n.63, jul./set. 1994
e conhecimento das diversidades de situação, se estabeleçam trocas com enriquecimento mútuo. Tal perspectiva nos parece possível pela atual situação em que se encontram diversas aldeias indígenas que se têm defrontado com o processo de uma escolarização formal, configurando-se como uma instituição que tende a se expandir.
Existe uma solicitação por parte de vários grupos indígenas em torno da educação escolar, na qual se inclui a inserção das várias disciplinas escolares e não apenas o domínio da escrita e da leitura. Esta demanda de educação, segundo os padrões da cultura dos brancos, é um dado significativo pelo qual podemos identificar alguns aspectos do atual momento histórico das relações entre