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HOBSBAWM, Eric. Tempos Fraturados: cultura e sociedade no século XX. São
Paulo: Companhia das Letras, 2013. 358 p.
SCHOLZ, Jonathan Marcel*
Em primeiro de outubro de 2012, o campo dos estudos históricos e da intelectualidade, de maneira geral, foi abalado. O falecimento do eminente historiador marxista Eric J. Hobsbawm silenciava uma das vozes mais lúcidas e críticas que o século
XX havia conhecido. Aos 95 anos, Hobsbawm deixava o legado de inúmeras análises e investigações – expressas em farta produção intelectual – para uma possível compreensão da sociedade ocidental dos últimos séculos.
Após uma carreira profissional repleta de clássicos da historiografia – basta lembrarmos a tetralogia das Eras, a História Social do Jazz, Sobre história etc. – sua última elaboração intelectual foi projetada em Tempos Fraturados. Publicado no Brasil em 2013, o livro, composto por 22 textos produzidos entre 1964-2002, de algum modo, completa sua obra. Dividido em quatro partes1, Hobsbawm diz, no prefácio, que “este livro é sobre o que aconteceu com a arte e a cultura da sociedade burguesa depois que essa sociedade desapareceu com a geração pós-1914, para nunca mais voltar” (2013, p. 9).
Partindo de uma série de palestras realizadas em festivais, artigos e resenhas de livros publicados em revistas especializadas, Hobsbawm admite, no prefácio, que metade do conteúdo da obra era inédito, ao menos em inglês. Percebe-se que a própria construção do livro é diferenciada porque o primeiro item chamado de “Manifestos” é uma seção distinta à dos quatro eixos centrais do livro. Sendo considerado uma introdução às temáticas trabalhadas na obra, o intelectual marxista se debruça sobre a questão da efetividade dos manifestos atualmente. Significativos e impactantes nos séculos XIX e XX, os manifestos assumiam a forma de grandes declarações coletivas. Com a revolução tecnológica, os manifestos são, para Hobsbawm, marcados pela fluidez e pelo caráter individual. Contendo