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1105 palavras 5 páginas
SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita. A alfabetização como processo discursivo. Editora Cortez. 1988. São Paulo
Salas de aula, relações de ensino
“(...) Em várias circunstâncias, a tarefa rompe a relação e produz a “ilusão”. Ou seja, da forma como tem sido vista na escola, a tarefa de ensinar adquire algumas características (é linear, unilateral, estática) porque, do lugar em que o professor se coloca (e é colocado), ele se apodera (não se apropria) do conhecimento; pensa que o possui e pensa que sua tarefa é precisamente dar o conhecimento à criança.” (Pág. 31)
“Mas, nesse sentido, ainda, a ilusão não significa apenas um “engano”, no sentido do professor achar que está ensinando alguma coisa e, na realidade, o aluno não estar aprendendo; ou do professor achar que o aluno só aprende se o professor ensina. Essa ilusão significa, mais profundamente, o professor estar ensinando algo do qual ele não está consciente, algo que está implícito na sua tarefa, na sua prática, e que diz respeito ao que é dito, divulgado (inculcado) e pensado ao nível do senso comum.” (Pág. 32)
“No entanto, torna-se importante questionar essa “legitimidade” e analisar a função da professora no sistema escolar. Tanto a legitimidade do conhecimento científico quanto a posição que a professora ocupa e a tarefa que ela assume foram e estão sendo forjados e constituídos historicamente no jogo das relações sociais. (...) nesse contexto, o ensino da escrita tem se reduzido a uma simples técnica enquanto a própria escrita é reduzida e apresentada como um técnica, que serve e funciona num sistema de reprodução cultural e produção em massa. Os efeitos desse ensino são tragicamente evidentes, não apenas nos índices de evasão e repetências, mas nos resultados de uma alfabetização sem sentido que produz uma atividade sem consciência: desvinculada da práxis e desprovida de sentido, a escrita se transforma num instrumento de seleção, dominação e alienação.” (Pág. 38)

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