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MARGINAL DO CAPITAL
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Escola de Administração de Empresas de São
Paulo da Fundação Getúlio Vargas. 15.06.73
(EC-MACRO-L-289 – E-195)
A acumulação do capital e a obtenção de lucro são os dois fatores econômicos centrais no processo de desenvolvimento capitalista, da mesma forma que o consumo do excedente pelas elites dominantes era o fenômeno econômico dinamizador das sociedades précapitalistas, e o desenvolvimento tecnológico tende a ser variável estratégica das sociedades tecnoburocráticas que vão surgindo no horizonte histórico. O capitalismo é um sistema econômico que se define em termos da acumulação do capital. Capitalismo é o sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção e no controle da economia pelos mecanismos do mercado em que uma classe dominante — a classe capitalista — acumula capital com o objetivo deliberado do lucro. Acumulação de capital e lucro organizam-se em um processo circular de auto reforço, no qual se acumula capital para aumentar o volume de lucros e reinvestem-se os lucros para aumentar a acumulação.1
Dada essa posição estratégica fundamental da acumulação do capital no sistema capitalista, torna-se importante discutir os fatores que determinam o volume do investimento e as conseqüências do investimento realizado, seja em termos do aumento da oferta, seja em termos de geração de demanda. Neste artigo,limitar-nos-emos ao primeiro dos problemas, ou seja, a uma discussão da função investimento.
Nosso objetivo é tentar restabelecer, na análise da função investimento, o papel da taxa de lucros, dentro da tradição econômica clássica, que os neoclássicos abandonaram a os keynesianos não conseguiram recuperar. Usando uma categoria que foi trazida para a teoria econômica por Keynes, a eficiência marginal do capital, ou seja, a taxa de lucro
prevista para os novos investimentos, faremos uma proposta de distinguir, nessa área, uma eficiência marginal do